terça-feira, 19 de abril de 2011

Suponho que talvez ainda devesse estar agradecida por só se estragar um mês

Todas as mudanças na minha vida ocorrem sempre no 1º semestre do ano. Ali até 30 de Junho é um corropio de efemérides que nunca mais acaba. O 2º semestre é fraquito nisso. Tirando o nascimento do meu filho e mais meia-dúzia de aniversários pouco mais há a assinalar. Abril é tramado. Abril é aquele mês que é tão mau, tão mau, tão mau que se eu pensar nas efemérides do dia 18 de Abril nos últimos 4 anos não sei se ria se chore. Senão vejamos: 2008, estava a separar-me. 2009, estava sentada ao lado de uma cama de hospital sabendo que aquela pessoa não passava daquela noite. 2010, estava a rever e a tomar café, pela 1ª vez, com a pessoa que me tinha deixado 9 anos antes sem sequer uma Dear John letter. 2011, estava a descobrir que sou uma parva.

Eu gostaria de pedir encarecidamente a todos aqueles que até gostam de mim que daqui a um ano me recordem que Abril é mês para ficar sossegadinha, sentadinha no sofá e para não falar com ninguém. É que eu, à semelhança da autora do texto abaixo (curiosamente, escrito em Abril. Go figure?), tenho memória curta. 

TITANIC

Se há coisa que aprendi ao longo dos anos é que todos os homens da minha vida desaparecem. No inicio, isso deixava-me frustrada, achava que tinha algum problema mas hoje estou em paz com esse facto. As minhas amigas estranham a calma com que aceito essa situação. Procuram explicações que eu já não procuro, conformada que estou em nunca ver o final dos episódios desta grande série que é a minha vida.

Lembro-me do primeiro que saiu e do que chorei. Foi também o único a quem, praticamente, implorei em prantos que não fosse. A partir daí, aprendi que não podemos forçar ninguém a ficar, se essa pessoa não o quiser. Depois de se aceitar esse facto, podemos com (relativa) facilidade aceitar a saída das pessoas da nossa vida.

Umas vezes custa mais que outras a aceitar e já houve para todos os gostos: os que simplesmente se evaporaram, os que se apaixonaram, os que morreram, os que voltaram anos depois…

Se tenho alguma defeito? Devo ter bastantes. Há quem me acuse de ser intimidante (eu sei que é intimidadora, mas se me chamam intimidante quem sou eu para discordar?). E eu, aos 35 anos, tenho que admitir que aquela altivez arrogante que via na minha avó, no meu pai e que pensava ter saltado da primogénita desta geração para a minha irmã, é característica que me atribuem amiúde. No entanto, também tenho qualidades que parece que intimidam tanto ou mais que os defeitos.

Mas porque é que eu estou a contar tudo isto? Perguntam vocês. É simples. Porque eu sempre quis fazer uma tatuagem. Tive foi sempre dúvidas sobre o que seria ou se teria coragem para o fazer. Neste momento, resta-me apenas a segunda dúvida, porque a arranjar coragem, sei perfeitamente o que tatuarei e onde. Será no fundo das costas e será o seguinte:

Not even God can sink this ship!

E depois de o fazer, sento-me sossegadinha no sofá com uma caipirinha ou uma moranguinha e uma bela de uma música e fico à espera do iceberg!

1 comentário:

Cat disse...

Se vires bem, o mês de abril tem servido para cresceres e aprenderes algumas coisas, mesmo que custe. Mas ok, se daqui a um ano ainda estivermos por aqui as duas, eu lembro-te para tirares o mês para te tornares ermita. :)