Há uns 30 anos, perdi um livro. Não sabia dele. Lembro-me que na altura me custou horrores tê-lo perdido uma vez que era uma das 'bíblias' do meu curso. Além de que tinha custado uma resma de dinheiro: 3160 escudos. Em português corridinho: para lá de 3 contos de reis!
Avançamos 30 anos...
No dia 2, tivemos um pequeno ajuntamento em casa do meu irmão. À saída, enquanto esperava as despedidas da praxe, vasculhava a estante do rapaz para me entreter, quando os meus olhos batem num livro igual ao que eu tinha perdido. Tirei-o da estante e, ao abri-lo, deparei-me com a declaração de amor eterno que alguém um dia me escreveu na primeira página. O meu livro perdido havia ficado para trás quando saí de casa e foi resgatado pelo meu irmão mais pelo seu amor à palavra escrita do que propriamente ao seu conteúdo.
Lá dentro, uma verdadeira viagem ao ano de 1995 com a fatura do livro, o ticket de um jantar de bife à casa e imperial, diversos bilhetes de festas universitárias e o folheto do Metropolitano de Lisboa a anunciar a interrupção da circulação na estação do Marquês durante 3 meses para que o Metro passasse a ter 2 linhas.
E foi assim, meus pequenitos, olhando para aquela cápsula de 1995, que eu percebi que estou idosa, provecta, velha como as muralhas. Mas ainda assim, é capaz de ter sido o melhor presente de Natal que alguma vez poderia ter recebido.
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