terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Não, Menino... Estás enganado...

Aquele grande fofuxo que é o Menino de Sua Mãe no outro dia escrevia sobre o amor durante as tempestades. E atirava para ali ideias que na tempestade é que se sabe que é amor e depois talvez não, que é mas é quando somos felizes e vice-versa e ao contrário.

É nestas alturas que me apetece chamar-lhes Meninos porque, cá do meu velho bloco de gelo, o que me parece é que é fácil haver amor numa tempestade e fácil haver numa altura de grande felicidade. O que me parece mais verosímil , e verdadeiro teste do trigo e do joio, é descobrir o amor na rotina, no dia-a-dia, na modorra do passar do tempo igual.

Amar alguém descobre-se na discussão do saco do lixo que nunca é esvaziado. Na eterna luta com o rolo de papel higiénico que não é substituido. Na companhia que se faz ao outro quando passa a ferro. Amar alguém de verdade descobre-se nos pequenos nadas que preenchem a maior parte dos nossos dias.

Eu amo quem me dá a mão numa tempestade. Sou grata por isso. Quero-o ao meu lado.
Eu amo quem me faz feliz e saborear o algodão doce das nuvens. Sinto-me especial por isso. Quero-o ao meu lado.

Esse é um amor fácil. Mas, felizmente e infelizmente respectivamente, esses estados são passageiros.

Eu quero amar e quem me ame num dia nublado. Sem história. Igual a milhares deles. Quero amar quem me traz uma bola de berlim com creme extra quando tenho TPM. Quero que me amem quando ando a resmungar que há pregos e parafusos por todo o lado porque se nao arrumo, ninguém arruma.

Não há felicidade extravazante em pregos e parafusos e também não há tempestades na TPM, mas pode haver amor. O amor que nasce e floresce apesar de não haver tempestades nem estrelas nos olhinhos. O amor que nasce de mãos dadas a olhar para uma parede depois de uma discussão sobre papel higiénico.

E esse amor, Menino, quer-me parecer, cá do meu velho bloco de gelo, que é capaz de ser o que faz com que só se queira uma pessoa para atravessar uma tempestade e só uma para nos levar às nuvens. Esse amor é aquele que, por muitos ombros que nos ofereçam nas tempestades, nos faz distinguir entre partes de anatomia e sentimentos verdadeiros.

10 comentários:

Carla Santos Alves disse...

Muito muito bem escrito.
Adorei ler!

Unknown disse...

Touché, mam'selle, touché... :)

Iceberg disse...

Obrigada, Carla.

Iceberg disse...

Merci, Menino.

Unknown disse...

É esse, é esse mesmo que eu quero para mim. O amor que discute sobre coisas parvas e se encanta com umas cuecas no chão que trazem saudades. O amor das ramelas nos olhos e do chá com torradas queimadas. O amor do: outra vez? Quantas vezes já te disse? E cada vez que o digo ainda te amo mais...é esse amor dos dias iguais que eu quero também. Grande texto o teu. Adorei :)

Unknown disse...

Obrigada, por me tirares as vendas e as amarras. :)

Rosa Negra disse...

Muito bom :)
(vou passar a palavra, com a devida vénia, sim?)

Rosa Negra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Iceberg disse...

Obrigada, Luzia e Tita.

:)

Iceberg disse...

Rosa!!! Long time, no see! :D