terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dia 5 - 3 de Setembro

Acordei com os senhores das entregas a trazerem a maquina de lavar. Eram quase 11. Eu sabia que o meu homem tinha uma reunião às 11. Desci para ser eu a receber a maquina. Ele não deixou. Recebeu a maquina. Foi para a reunião e eu sentei-me na sala a fazer contas a quanto tempo faltava para tomar mais comprimidos. 

Por volta da uma, a dor de cabeça piorou substancialmente e comecei a ver uma luz (sim, é caso para dizer que eu vi a luz, irmãos!) quando estava a tentar perceber que raio de clarão era aquele, apercebi-me de que não sabia ler. Neste ponto, não era uma questão de não conseguir: eu não sabia mesmo! Foi num post do Às nove no meu blog. A palavra era Setembro. Eu sabia que conhecia a palavra. Conhecia a grafia mas não conseguia lembrar-me do nome de uma única letra nem o som que lhe correspondia. 

Isso, sim, valei uma SMS para o senhor na reunião a dizer que eu achava melhor ir ao hospital. Sim, nesta fase, eu estava borradissima de medo. Depois de mandar a mensagem adormeci/desmaiei no sofá  da sala. 

Quando homem chegou, eu ainda quis esperar para ver como estava.Já  reconhecia as letras. Não via era mesmo um boi à frente. Uma gigantesca amalgama de luz e cor. E a cabeça a estalar. 

Dei entrada no hospital e pareceu uma eternidade até me chamarem.  A médica que me chamou não me pode atender.  Essa pode ter sido a minha sorte grande. Gaijo lá lhe disse o que se passava que eu nem conseguias falar com  as dores. Dra me botou com drogas na veia mas népias. Tudo na mesma. Por volta da meia-noite, doutora me diz todos os exames estão normais. Faz-me mais uma serie de testes neurológicos que nada acusam. Falo-lhe no facto de ler como se tivesse 6 anos. Ela  diz que não é invulgar haver perturbações de visão num quadro de enxaqueca. Mas para ficarmos descansados, me ia mandar fazer um taq.  

Quando o taq terminou, eu soube que já não voltaria a casa tão cedo. O técnico, a enfermeira e o auxiliar saltaram para a sala onde eu estava e deram-me a mão e perguntaram porque tinha ido ali. E eu pensei: tu deves ter a cabeça toda fodida, Ice  Maria...

Passado um bocado a medica veio falar connosco. Que não tinha boas notícias. Havia sangue no meu cérebro. Iam internarem para depois me fazerem uma ressonância magnético. Fui admitida de imediato para observação e alguém (não sei quem) me disse que eu tinha dois pontos distintos no cérebro a sangrar. Ou seja, duas hemorragias distintas. E essa foi a primeira noite de hospital e de pânico. 

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