domingo, 26 de maio de 2013

Ruído

Eu voltava para casa. Estava quase a chegar. No centro da vila, éramos 2 carros em cada direcção a passar, lentamente, uns pelos outros. Em frente ao meu, surge, do nada, uma alminha. Atirou-se, a correr, para a frente da minha viatura e depois para a frente da viatura que vinha em sentido contrário. O típico desportista musculado equipado na sua roupa de desporto. A minha mão já estava pronta para carregar na buzina em protesto quando a seguinte pergunta me cruzou a mente: o que faz um gaijo atirar-se à maluca para a frente de 2 carros?

Olhei para o passeio para onde ele tinha corrido. E, ali no passeio, quase sendo esmagada pelos bíceps do temerário rapaz, estava o motivo. Pequenina, magra, saia rodada pelo joelho, bandolete no cabelo e óculos redondos a escorregar pelo nariz pequeno. A típica ratita de biblioteca.

Ele só tinha olhos para para o rosto envergonhado dela, ignorando toda a gente à volta da mesma forma que tinha ignorado as toneladas de chapa.

Chamem-me romântica. Ou parva. Mas tirei a mão da buzina e deixei-os beijarem-se sem aquele ruído.

 

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