terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

E é que não consegue escolher, pá!

Já não me lembro a que propósito surgiu a questão, na brincadeira, de "e se nós não fizéssemos mais sexo". Que gostava de mim da mesma forma, blá, blá, blá...

E aí eu comecei a pensar: mas isso não é começar a mudar as regras do jogo a meio? Uma pessoa está com outra e assume determinadas coisas que ao fim ao cabo foram as coisas que os juntaram. Se começarmos a mudar, hoje aqui, amanhã ali, não estaremos a alterar as regras do jogo?

Perguntei-lhe que aconteceria se eu começasse a mudar outras coisas que ele gostava. Como deixar de ler ou deixar de escrever. Ah e tal... Ok... Coloquei-lhe então a questão: Eu leio, escrevo e faço amor. Se eu deixasse de fazer duas destas coisas, quais é que escolherias para abdicar. 

Que podia deixar de ler. Duas, pá! Eu disse duas! Não. Que não podia ser e tal e que não podia escolher e coiso.

E aí dá para começar a quantificar. Será que se só alterarmos uma coisa em nós, ainda que relevante, todo o restante conjunto compensa essa ausência e permite a manutenção de uma relação? Mas se formos mais além? E se forem duas? Já interfere? Ou será que a primeira já se torna reveladora do principio do fim?

Uma coisa é evoluirmos, passarmos a gostar de outras coisas, passar a preferir branco a tinto. Outra, completamente diferente, é alterar as coisas que aproximaram duas pessoas. Por mais insignificantes que possam parecer. Ou nos tornamos uma pessoa muito melhor e muito mais interessante com as mudanças permitindo que a outra parte se reapaixone, ou quer-me cá parecer que não há amor que resista.

É que isto a mim só me parece uma outra vertente do "eu antes até nem me importava que ele passasse horas a escrever mas agora acho que ele deve deixar de o fazer e dedicar-se exclusivamente a mim". Ou então o reverso da medalha daquela cena do "eu nem gosto muito de que ele vá à bola, mas depois dele ser meu, eu mudo isso"... 

But that's a horse of a different colour...

4 comentários:

Ana disse...

As mudanças nem sempre são fáceis de gerir. Se, às vezes, nem com as nossas conseguimos lidar bem, imagine-se com as do outro! Mas, para mim, quando a pessoa se afasta demasiado daquilo que nos fez aproximar dela, o resultado não me parece que seja o melhor...

Iceberg disse...

Exactamente o que eu penso. Mesmo quando a outra parte diz que não é bem assim.

sem-se-ver disse...

e ter-se começado elegante e passar-se a atirar pro baleia? deve aceitar-se?

Iceberg disse...

Acho que depende da base da relação. Se era baseada no aspecto físico, penso que isso também é capaz de ser uma questão difícil de lidar.

Talvez até mais para a pessoa que antes era elegante que se pode ver a braços com problemas de auto-estima que levarão a outros problemas na relação.

E estou apenas a focar-me na premissa meramente estética. Porque a pessoa até pode ter deixado de ser elegante por problemas de saúde. Aí, estamos a braços com outras questões.