terça-feira, 28 de junho de 2011

A minha noite de núpcias

Dia 28 de Junho de 2011. Fazem anos as irmãs mais novas. 33 anos, fazem as fedelhas. Nasceram no mesmo dia, sim, e no mesmo ano. Lembro-me sempre de dar os parabéns a uma e esqueço-me da outra. Ando desde o ano passado a redimir-me. Este ano fui mesmo a primeira a telefonar. O ano passado, lembrei-me, pela 1ª vez em muitos anos. Liguei-lhe com uma lata desgraçada e disse-lhe: Dá-me os parabéns! Este ano lembrei-me! Estou mesmo de parabéns!

Dia 28 de Junho de 1996. Eu tinha conhecido o Xana umas semanas antes. Tinha passado uma noite com ele. Não sei como, não me lembro a que propósito, na noite desse dia, eu acabei em casa do Xana. Deitada, vestida, na cama dele. Os olhos dele, bem próximos dos meus, mostravam uma tristeza sem fim. Mais uma vez, tive a confirmação de que há perguntas que é melhor não fazermos. Há perguntas para as quais não queremos saber as respostas. Mas, na altura, isto ainda não se tinha tornado o meu lema de vida e perguntei-lhe o que se passava. A resposta foi tudo menos o que eu alguma vez esperaria: "Esta é a minha noite de núpcias..." Excuse me???? Not with me, it's not!!!"

E ele contou-me que era tinha casamento marcado para aquele dia com a mulher que ele tanto amava. A mesma mulher que só pensava em coisas materiais e o deixara mesmo de casamento marcado. Contou-me como tinha sido capaz de fazer tudo por ela. Contou-me como se tinha tornado, durante algum tempo, gigolo para lhe poder dar tudo o que ela queria. 

Passei a noite de núpcias com ele. Não houve amor nem sexo, naquela cama, naquela noite. Havia apenas um homem que tinha imaginado uma noite muito diferente daquela com uma mulher muito diferente da que abraçava. E havia uma mulher que não entendia como era possível amar assim mas que não podia ficar indiferente à dor que havia naqueles olhos.

Passaram 15 anos e, em todos eles, nesta data, eu me lembro de como já tive uma noite de núpcias. Não a minha, não a esperada, não a desejada. Mas uma diferente de todas as outras. Mas, tal como em todas as outras, fruto de um amor maior do que tudo, superior a tudo e, literalmente, disposto a tudo para.

Eu nunca mais soube do Xana mas não há ano nenhum, neste dia, que eu não deseje que ele tenha encontrado alguém que realmente merecesse tudo o que ele tinha para dar. Que eu não deseje que ele tenha encontrado uma mulher que realmente merecesse ser amada por ele. E não há ano nenhum que eu não me pergunte se já terei sido amada tão incondicionalmente assim.

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