segunda-feira, 25 de abril de 2011

For the heart is an organ of fire*

"Aprendi que essas coisas não me afectam. Foi aí que surgiu o nome Iceberg. Porque eu fiquei seriamente convicta que alguém me teria substituído o coração por um bloco de gelo. Pior, um bloco de gelo irónico que consegue rir dessas coisas."

Eu ando desde ontem à espera que o céu me caia na cabeça. Eu já cheguei mesmo a sentar-me sozinha, em silêncio, e a dizer a mim mesma: Agora, chora! Trataram-te mal, como nunca tinhas sido tratada, chora! Nada.

Iceberg... Eu escolhi o nome por causa desse dia. Pela minha incapacidade de sentir fosse o que fosse depois de levar uma tampa de um homem. Essa foi a primeira tampa que o Mr. Big me deu. O homem que me fez assumir o nome de um bloco de gelo foi o mesmo que eu acreditei que seria capaz de o derreter. Curiosamente, parece que ao agir como agiu, tudo o que conseguiu foi impedir que o coração de gelo se partisse, mantendo-o preservado no seu Iceberg gelado, intacto e inatingível. 

Eu bem continuo à espera da vontade incontrolável de chorar, mas tudo o que sinto é uma desilusão imensa, uma pena imensa por pessoas que vivem vidas pela metade e raiva... Muita raiva. Porque estas merdas tiram a uma gayjja a capacidade de acreditar. Há um episódio no Sex and the City em que a Samantha se envolve com um homem que é depois descrito como "He's the kind of man who faked a future to get what he wanted in the present". E isso é tão desnecessário. A mentira, a hipocrisia... Para quê? 

Há uns dias, eu dizia a alguém que o Mr. Big estava a fazer pontaria aos meus dois órgãos vitais: o meu coração e o meu orgulho. Até ao momento, parece que só atingiu um. Mas eu, tal como os gauleses, continuo cheia de medo que o céu me caia na cabeça.

*The English Patient

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