Eu, como toda a gente, tenho nome próprio. Só que é tão raro usarem-no que eu até estremeço quando o ouço. Tão raro, tão raro, tão raro que quando a Dear John Letter chegou encimada pelo nome de baptismo desta que vos escreve, ainda pensei 2 vezes se não seria engano.
A partir dos 17 deixei de ter nome próprio. Essa é a realidade. Tenho um nome tão vulgar que na minha turma de faculdade éramos mais de uma dezena. Como o meu apelido soava bem numa gaija, toda a gente me tratava pelo apelido. A faculdade acabou e acho que quase ninguém com quem eu me dava sabia o meu nome próprio. O cúmulo mesmo foi o namorado de uma das minhas melhores amigas, num almoço em casa do meu pai, já anos depois da faculdade acabar, tratar-me pelo apelido e depois da milionésima em que olhei tanto eu como o progenitor, o meu pai dizer "tratem-na pelo nome que já me dói o pescoço de tanto olhar para vocês!" e o rapazinho muito encavacado, olhar para nós e dizer: " Mas eu pensava que este era o nome dela!"
Depois disso, em alguns casos, o apelido foi abreviado, outros começaram-me a tratar por alcunhas, os enamorados acham sempre que devo ser tratada por algum nome estranho, frequentemente, pouco adequado a mim. Os que não usam nomes desadequados, optam pelo 'miúda' que me faz sempre lembrar o meu pai e me põe sentimentos meios confusos nas primeiras vezes. Mas também ninguém me manda gostar sempre de homens mais velhos, pois não?
Basicamente, eu sou uma mulher sem nome ou, visto por outro prisma, a mulher de todos os nomes. Sendo que o mais raro de todos a ser usado é mesmo o nome próprio. Tão raro que a minha assinatura oficial, aquela séria que me garante dinheiro e empréstimos e casar se bem me aprouver, limita-se a ser a inicial do nome próprio e o meu apelido.

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