sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sim, andei a ler o que os outros escrevem

"Tinha a leitura atrasada e, assim como assim, qualquer coisa que apareça neste blog não é minha. É escrita pela gaja que tomou conta do meu corpo e que entrou sob a forma de traça, alojando-se no meu estômago. Esta não sou eu. É, sim, uma desconhecida que insiste em se apresentar como Eu. Sinceramente, não sei que lhe faça. Já tentei chamá-la à atenção. Falei-lhe a bem. Gritei com ela. Amuei e até a expulsei. Nada resulta. Hoje, quando ela menos esperar, estou a pensar levá-la ao Bar do João e afogá-la com vodka ou assim. Qualquer coisa que a deixe KO para que ela me deixe em paz. É que parecendo que não ela cansa-me. Aborrece-me. Eu não conheço a sua linguagem. Não estou habituada a este registo. E fala. Meu Deus, como ela fala. Passa o dia na minha cabeça sempre a falar do mesmo. Sempre a lembrar-me o mesmo. Eu ontem disse-lhe: 'Ouve lá, tu já moraste neste corpinho há uns tempos. Não nos demos bem. Porque insistes?" Julgam que ela desarma? Nada. É ela e a outra de carne e osso. As duas a repetirem até à exaustão aquilo que eu não quero saber: "podes julgar que és uma cabra insensível mas não és". Sou! Vão por mim que me conheço desde mil nove e setenta e cinco. Sou! "Ah e não que tu tens sentimentos que a gente bem vê o coraçãozinho a bater". O tanas! O que eu devo ter é uma má-formação congénita qualquer. Eu até poderia dizer que o melhor que eu tinha a fazer era procurar ajuda médica, mas dada a história recente, se não quero piorar esta condição, o melhor é mesmo manter-me bem longe dessa espécie. Poderá quem sugira mais exercício... É ler o frase anterior. A modos que me resta a opção de afogar a traça em álcool e é aproveitar este fim-de-semana que não está lá ninguém que eu conheça. Em caso de dúvida é ler a mesma frase que eu mandei ler acerca do exercício. Mas agora que falo em possível problemas cardíacos... Pensar numa pessoa e quase lhe sair o coração pelo nariz é normal?"

[Texto enviado pela terceira gaija (eu até podia dizer que era a minha amiga mas já escrevi sobre isso, não já?) a que não confirma nem desmente que possa, eventualmente, numa hipótese remotissima estar apaixonada]

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