A febre cedeu.
18.20: Acorda da sesta.
18.25: Pergunta o que vou fazer de comida. Explico que há a sopa que fiz ontem para o jantar dele. Nega com a cabeça. Há pizza do almoço. Nega com a cabeça. Há carninha assada. Nega com a cabeça. "Mãe, quero franguinho com massa." Resumindo e concluindo: 2 gatos pingados têm neste momento comida para um regimento só porque ele não come porra nenhuma e eu ando numa de tentativa/erro.
18.28: Chama-me para dizer que ainda não tem voz. Volto para a cozinha.
18.30: Chama-me para perguntar se tem febre. Volto para a cozinha.
18.32: Chama-me para dizer que talvez seja hora de tomar xarope. Volto para a cozinha.
18.34: Chama-me para (deixei de registar à quarta vez). Volto para a cozinha.
Repetir o passo anterior de 2 em 2 minutos até às 19h.
19.00: Chama-me para dizer que eu tenho que pôr a mesa como no "restórante" com o guardanapo no prato e tudo e que temos que fazer tchim-tchim com os copos. Volto para a cozinha recitando o dicionário de vernáculo mentalmente.
Repetir o passo das 18:34 de 2 em 2 minutos até às 19.20.
19.20: Chamo-o para a mesa do 'restórante'.
19.23: Informa-me que a massa lhe sabe mal.
19.25: Informa-me que o frango também lhe sabe mal.
19.26: Sugiro carne assada. Informa-me que também lhe vai saber mal.
19.27: Pede-me pizza.
19.30: Informa-me que a pizza lhe sabe mal.
19.31: Recito fervorosamente a oração da serenidade.
19.32: Sugiro, em desespero, bolo de chocolate. Informa-me que também lhe vai saber mal.
19.33: Pondero a hipótese de serrar os pulsos com a faca de mesa.
19.34: Convenço-o a experimentar a pizza mais uma vez.
19.35: Vomita-me em cima do prato e acrescenta a frase: Eu é que tinha a razão! Eu disse que ía saber mal!
19.36: Dou-lhe ordem de soltura da mesa. Pede-me o rebuçado da garganta.
19.37: Faz aquilo que fez com todos os rebuçados que custaram uma pequena fortuna: dá-lhes duas chupadelas e vai pôr no lixo.
Resumo da jornada? Tenho o frigorífico cheio de comida. Preciso de dormir esta noite que a última ainda foi pior que a anterior com ele a chorar ao meu colo com dores. E ele anda aqui na maior (ainda sem voz, é certo) a apagar as luzes todas da casa porque vai fazer uma sessão de cinema com o Shrek. Eu até lhe perguntava se ele queria umas pipocas, mas ele é capaz de dizer que sim e depois das duas primeiras cuspir tudo porque lhe sabe mal e eu estou a ficar sem espaço para armazenar mantimentos.
3 comentários:
Faltou experimentar o velho truque ice tea + bolacha maria. Alimenta e não deixa desidratar.
Beijos e boas melhoras ao picolé.
(btw nice blog)
Rita, o problema é que ele rejeita à partida toda a ciência que desconhece.
T-E-I-M-O-S-O
;)
(Thanks)
Bom Dia,
Passei por situação idêntica entre o Natal e o Ano Novo.
É desesperante, principalmente, para eles.
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